quinta-feira, 8 de abril de 2004

Brisas de alegria

Queridos...
Eis que chega o dia da grande aventura de minha vida!
Depois de tantas coisas vividas, um rito de passagem...
É tanta alegria pela expectativa da viagem, que tudo ganha um brilho diferente... a mochila logo ali esperando pelos dias que virão, será minha companheira de caminhos desconhecidos...
E como eu gosto de viajar! Próprio da natureza dos ventos...
Mas antes de ir, sem saber quando volto, se volto, gostaria de deixar alguns pensamentos para seus corações...
Algo de gratidão pelas visitas, pelas palavras, pelo carinho que me envolve em brisas tão suaves...
Quisera escrever um bilhetinho a cada um... particular e público...
Mas o cansaço me vence... também preciso ir dormir, encontrar outros amigos, em outras atividades...

Então deixo uma mensagem e uma prece, que espero sejam úteis...
É todo meu carinho por vocês!

Eis Tagore, numa de suas parábolas...

"Imerso na solidão,
O lavrador apoiou-se no instrumento rude de revolver a terra, e, fitando o poente ensanguentado, banhou-se das últimas rajadas luminosas do entardecer.

Em derredor,
tudo se cobria do mistério da noite penetrante.

Fitando as árvores longe,
os pássaros a cortar o ar,
a noite bocejando trevas,
mergulhou em meditação o rude filho...

Com os olhos banhados de sorrisos,
recordava as quantas vezes ouvira, deslumbrado,
Gurus errantes e Sadus pregadores.

E quantas vezes retornara ao lar, preso a inquietude e a desolação? Interrogava a si mesmo.

A meditação - afirmavam todos - é um tesouro raro, que somente se consegue com luta e dor.

E foi na meditação - recordava -
enquanto lavrava o campo arroteando o solo,
que descera a si
e entendera o que a linguagem de outras bocas não lhe pudera dizer.

Agora, aclimatado a solilóquios,
lutava contra si mesmo,
buscando vencer, repetindo na mente:

o inimigo maior não é o declarado, mas o oculto...
o inimigo que se deve vencer não é o de fora, mas o de dentro da alma;
o feroz inimigo não deve ser odiado e perseguido, mas amado e superado;
quando livre dos inimigos de dentro, ocultos no coração, o homem liberta-se dos adversários de fora,
porque aquele que se vence,
o mundo inteiro vence...

Só então, aos lampejos das estrelas, voltou ao lar banhado de paz, para mergulhar na vida!"


E a prece...

Minhas palavras, como ondas de incenso perfumado, subindo e espalhando-se como fumos dissipados pelo vento, hão de ser como a alma das flores buscando o espaço sublime de Tua presença, ó Grande Arquiteto das Tênues Formas do Ar...
E chegando aos Teus pés meu coração, eu, que não ouso levantar o olhar, ouso ainda pedir pelos doces amores de minha vida, todos os amigos novos e antigos; e um a um hei de lembrá-los nesse altar sublime do espaço:
(...)
E os estreito num longo abraço de terna gratidão, rogando a Ti, Pai querido, por cada um deles...
que tenham bom ânimo para todas as lutas;
que saibam viver a alegria e o amor, em plenitude;
que descubram dia-a-dia a fortaleza que possuem;
que enfrentem as dificuldades com coragem e esperança;
e cada dia percebam mais a Tua presença de Amor em nossas vidas...
Sejam flores a cair sobre nós, nesse dia que começa, Teu sorriso em luz a espraiar-se como página aberta de esperança no livro da vida...
Mas, que em tudo, sempre seja feita a Tua vontade, sábia e justa, porque de nós, nada temos e nada sabemos...

Brisas!
Carla

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