quarta-feira, 31 de março de 2004

A distância, o silêncio, a saudade

Meus amigos
Tão interessante a vida...
Olhar para vocês, como quem olha estrelas no céu...
Sabê-los presentes e tão brilhantes...
Sabê-los tão perto e tão distantes...
Uma imensidade, a distância que vai entre nós...
Distância de sonhos e tempo
Distância de espaço e compreensão
Não há displicência alguma, e caso houvesse, ela seria minha
De não compreender como se deve a cada um.
É apenas constatação.
Estrelas, planetas... impressionante como ainda há tanto a aprender...
Interligados no espaço do infinito
Todos nós...
Mas é um minuto apenas essa minha reflexão na eternidade dos dias
Dos trabalhos, das dores, das necessidades, das alegrias
Tenho o dom de revolucionar devagar
E ter tempo de ver (mesmo míope! rs)
Que a distância não existe...
Que o silêncio não existe...
Que todos os meus amigos são poetas
Cada um do seu jeito...
E que só existe saudade e amor!

A distância, o silêncio, a saudade
(pra um amigo de Natal, em agradecimento aos poemas que ele fez pra mim)

Se existe distância?
Se tocas minh'alma
Palavra irrestrita
Desdobras perfumes
Visão que é escrita
Rompendo negrumes
Clareza que acalma
Não existe distância...

Se existe silêncio?
Sussurras sorrisos
Abertos nos versos
Transforma meus prantos
Em cantos inversos
Em doces encantos
Vibrando precisos
Não existe silêncio...

Se existe saudade?
Se choro inda triste
E lembro em repentes
Os versos que dizes
Os versos que sentes
As rimas felizes
Saudade, se existe?
Só existe saudade...

Ao tempo feliz que volta toda vez que a gente lembra que já viveu...
Ao tempo feliz que existe toda vez que a gente vive o presente...
Ao tempo feliz que haverá por necessidade natural de esperança no futuro...
A todos os meus amigos, lembrados e esquecidos, de minutos e sorrisos, de anos a fio...

Meu coração em brisas
Beijos nas brisas
Carla

Alinhamento dos planetas

Ontem à noite fui ao Planetário...
Vi Saturno, vi Júpiter, vi a Lua...
Vi o mapa do Céu com todas as constelações e planetas...
Capella, Canopus, Lobo...
Mas nada como olhar o céu da janela do quarto...
O céu agora é de uma beleza divina...
Estrelas e planetas...
O sol insinuando despontar...
O silêncio apenas quebrado pelos pássaros...
Que seja de paz teu dia...
Brisas siderais!
E nas brisas, toda a energia, que esperas, que precisas!

Carla

terça-feira, 30 de março de 2004

A Doce Canção

Cecília Meireles

Pus-me a cantar minha pena
com uma palavra tão doce,
de maneira tão serena,
que até Deus pensou que fosse
felicidade - e não pena.

Anjos de lira dourada
debruçaram-se da altura.
Não houve, no chão, criatura
de que eu não fosse invejada,
pela minha voz tão pura.

Acordei a quem dormia,
fiz suspirarem defuntos.
Um arco-íris de alegria
de minha boca se erguia
pondo o sonho e a vida juntos.

O mistério do meu canto,
Deus não soube, tu não viste.
Prodígio imenso do pranto:
- todos perdidos de encanto,
só eu morrendo de triste!

Por assim tão docemente
meu mal transformar em verso,
oxalá Deus não o aumente,
para trazer o Universo
de pólo a pólo contente!

Brisas!
Carla

sábado, 20 de março de 2004

Per flugiloj de facila vento - la Himno La Espero

Como explicar o que senti quando cantei esse hino pela primeira vez, num Congresso Nacional de Esperanto, em Campinas, lá pelos idos de 198... (nem lembro mais!)? Como traduzir a alegria de ver gente, muito diferente entre si, unida pelo mesmo ideal?
Al Zamenhof, ni dankas! Pro lia verko, pro lia vivo, pro lia espero, kiu ankau estas la nia!
Ao hino!

LA ESPERO A ESPERANÇA

En la mondon venis nova sento, Ao mundo chegou (1) um sentimento novo,
Tra la mondo iras forta voko; Através do mundo passa um forte apelo;
Per flugiloj de facila vento Nas asas de vento propício
Nun de loko flugu ĝi al loko. Voe ele agora de lugar em lugar.

Ne al glavo sangon soifanta Não ao gládio sedento de sangue
Ĝi la homan tiras familion: Ele arrasta a família humana:
Al la mond' eterne militanta Ao mundo eternamente em guerra
Ĝi promesas sanktan harmonion. Promete ele santa harmonia.

Sub la sankta signo de l' espero Sob o sagrado signo da esperança
Kolektiĝas pacaj batalantoj, Reúnem-se pacíficos batalhadores,
Kaj rapide kreskas la afero E rapidamente cresce a causa
Per laboro de la esperantoj. Mediante o trabalho dos esperantistas (2).

Forte staras muroj de miljaroj Fortemente se erguem muros de milênios
Inter la popoloj dividitaj; Entre os povos divididos;
Sed dissaltos la obstinaj baroj, Mas saltarão a todos os lados as obstinadas barreiras,
Per la sankta amo disbatitaj. Arrasadas pelo santo amor.

Sur neŭtrala lingva fundamento, Sobre fundamento lingüístico neutro,
Komprenante unu la alian, Compreendendo-se uns aos outros,
La popoloj faros en konsento Os povos farão, em acordo,
Unu grandan rondon familian. Um (só) grande círculo familiar.

Nia diligenta kolegaro A nossa diligente legião (3) de colegas
En laboro paca ne laciĝos, Não se cansará no trabalho pacífico,
Ĝis la bela sonĝo de l' homaro Até que o belo sonho da Humanidade
Por eterna ben' efektiviĝos. Realize-se para eterna bênção.

L. Zamenhof.
Traduzido por Francisco V. Lorenz

Notas sobre a tradução:
(1) ou: No mundo surgiu
(2) "esperantoj" está aqui por "esperatistoj"; à letra seria: "dos que nutrem esperança"
(3) à letra: o nosso diligente conjunto

Meu carinho em brisas... verdes de esperança!
Carla

quarta-feira, 17 de março de 2004

Vendavais

Há dias um tanto apocalípticos...
Dias em que, se não nos seguramos forte nas bases que nos sustentam, somos levados de roldão pela ventania...
Eis que há vendavais e vendavais...
Individuais e coletivos...
Processos de limpeza e mudança, alquimia espiritual nos transmutando em seres mais puros...
Paz a ti, alma querida, nesses dias...
Pois que seja: e as brisas cresçam em ventanias!
Todo meu carinho!

De Mãos Unidas (Maria Dolores)

Não temas alma querida!
O vendaval que se escuta
É a Terra que vibra em luta
Nos dias de transição...

Prossegue ao clarão da fé
Varando os campos sombrios
E os tremendos desafios
Que agitam a multidão

Prossegue, trabalha, aprende,
Age, auxilia, alma boa,
Se alguém te fere, perdoa,
Ante as trevas faze luz!

Não vais a sós... Muitos somos...
E na imensa caravana
De socorro à vida humana
O guia excelso é Jesus.

A poesia de Maria Dolores foi transformada em música pelo Coral Despertar.

A ti, querido irmãozinho, pelo teu aniversário!

Carla

segunda-feira, 15 de março de 2004

O cheiro da uva rosada e as saudades

Boa noite, alma querida!
Eis que um dia foi povoado de aromas... foi o dia do hortifruti...
E no meio daquela confusão de gente querendo pegar justo o que você escolheu, reclamando dos preços e tanta coisa... há aquele segundo que são eternidades: a cor das cenouras... a pele lisa e brilhante dos tomates... ah, e o fabuloso cheiro das uvas rosadas...
Não sei bem se porque não consigo chupar uva, ou se pela lembrança... A impossibilidade de se "provar" o cheiro que o torna místico para mim...
Meu avô, a parreira em casa, eu colhendo os cachos com aquela tesourinha, a descoberta dos ninhos de passarinho no meio das folhas, a sombra, a chuva, o cheiro da uva...
E quem me visse meditando enquanto escolhendo os limões, sentindo de novo na pele a finura dos espinhos do limoeiro, o sol, o sal, a salada e o almoço...
A casa sempre batida pelo vento, que quando vinha pela frente, era carregado do cheiro das margaridas, e quando virava, do cheiro das uvas, do limão...
Saudades da casa da Oma... de tudo que agora só existe no meu pensamento...
E no teu, que sentiste comigo e lembraste de outras tantas casas e frutas e manhãs de sol e aromas inconfundíveis...
Teu nome chamado com ternura por quem quer que seja na tua lembrança...

Vem, alma querida de minh'alma, brincar de novo comigo por esses quintais!

Todas as brisas perfumadas...

Carla

quinta-feira, 11 de março de 2004

Arrumando a casa e a vida... E um texto sobre A Noite


Olá, alma querida de minh'alma!
Espraia-te como um redemoinho feliz nessa nossa casa...
Eis minha casa, tua casa também!
Vê que estou arrumando-a...
Fontes novas, comentários, o e-mail... cada coisa construída por sua vez, num lento e constante aprendizado... Ainda falta muita coisa... Mudar essas cores! Paciência e constância, enfim!

Ventos que dissipam nuvens...
Hoje eu devia estar com a capa de invisibilidade do Harry Potter... pois não me viram... Mas eu vi!
Só tu mesmo, meu anjo bom, sustentando-me!
Dando-me forças ainda e me ensinando a desejar o bem!
Obrigada por me ajudares tanto e sempre...
Livre, enfim!

Marcela, do blog Maré (http://tchela.blogspot.com), foi gentilíssima respondendo-me um e-mail sobre como adicionar figuras... Ainda vou experimentar!
Ah, veja só como estou aprendendo! Desde aquele belo e fatídico 21 de fevereiro até hoje, veja quanta coisa mudou... Quem sabe ainda consiga colocar aquela árvore linda que me enviaste um dia... É um sonho... Estou aprendendo...

E para terminar... sobre a noite, um texto de 1897... já imaginaste quando conseguir reproduzir em imagem essas palavras? Até lá... sonhe à vontade! E empolgue-se com esse poema de Leon Denis!

"Na hora em que se estendem pela Terra o silêncio e a noite, quando tudo repousa nas moradas humanas, se erguemos os nossos olhos para o infinito dos céus, lá veremos inumeráveis luzes disseminadas. Astros radiosos, sóis flamejantes seguidos de seus cortejos de planetas rodopiam aos milhões nas profundezas. Até às mais afastadas regiões, grupos estelares desdobram-se como esteiras luminosas. Em vão, o telescópio sonda os céus, em parte alguma do Universo encontra limites; sempre mundos sucedendo a mundos, e sóis, a sóis; e legiões de astros multiplicando-se, a ponto de se confundirem em poeira brilhante nos abismos infindáveis do espaço.
Quais as expressões humanas que vos poderiam descrever os maravilhosos diamantes do escrínio celeste? Sírius, vinte vezes maior que o nosso Sol, (...); Aldebaran, Vega, Prócion, sóis rosados, azuis, escarlates, astros de opala e de safira, sóis que derramais pela extensão os vossos raios multicores (...). E vós, nebulosas longínquas, que produzis sóis, Universos em formação, cintilantes estrelas, apenas perceptíveis, que sois focos gigantescos de calor, luz, eletricidade e vida, mundos brilhantes, esferas imensas, e vós, povos inumeráveis, raças, humanidades siderais que os habitais! Nossa fraca voz tenta, em vão, proclamar a vossa majestade, o vosso esplendor; impotente, ela se cala, enquanto nosso olhar fascinado contempla o desfilar dos astros!" 

 
Leon Denis

Brisas e bons sonhos
Carla

terça-feira, 9 de março de 2004

Gratidão - ao meu anjo da guarda... e para ti!

Alma querida!
Só posso sorrir ante os acontecimentos
Agora que sinto melhor tua presença junto a mim...
E começo a entender os caminhos de Deus
Nos descaminhos meus...
Amparando-me antes mesmo que eu perceba
Que preciso de ajuda
Sem, no entanto, ferir minha liberdade
De escolher veredas
De escolher verdades...
Eis que, pouco a pouco,
Entendendo melhor os acontecimentos
Entendendo melhor meus sentimentos
Todas oportunidades de crescimento
E tu sempre ao meu lado!
Como sentir-me só
Se teu amor me sustenta?
E como calar esse conhecimento
A outras tantas almas queridas do meu coração
Que podem estar sentindo-se sós?

Então deixa-me dizer-te
Alma querida!
Agora falo contigo!
Olha e sente a presença desse teu anjo amigo
Superior, é certo,
Por ordem de Deus, constantemente junto a ti
Fecha os olhos e vê
Essa alma querida aconselhando-te o bem
Mais fiel e constante que qualquer outro amor
Mais constante e fiel que qualquer que porventura tenhas aqui na Terra...
Até mais que eu!
E, tendo ciência dessa presença
Fortaleces-te na fé e no bom-ânimo,
Com alentos de esperança...

Anjo querido!
Quisera envolver-te em brisas perfumadas
E salpicar de flores teu caminho...
Eis-te! Sinto-me a ver-te
Como agradecer-te mais
Senão seguindo teus conselhos de paz?
Que Deus te sustente em tua missão de amor!
Alma querida de minh'alma!

Todo meu carinho em brisas
Carla

quarta-feira, 3 de março de 2004

Mia Koro! Kiel Zamenhof...

Eis um poema escrito por Lazaro Luiz Zamenhof, o 'iniciador do Esperanto'.
No título deste post (Mia Koro! Kiel Zamenhof...) disse: Meu coração! Como Zamenhof...
Tantas vezes também sentimos a mesma ansiedade pela concretização de nossos sonhos...
Tantas vezes, coração descompassado, minutos de espera sem fim...
Ao poema!

Ho, Mia Kor'
(Oh, meu coração)

"Ho, mia kor', ne batu maltrankvile
(Oh, meu coração, não batas inquieto)
El mia brusto nun ne saltu for!
(Do meu peito agora, não saltes fora)
Jam teni min ne povas mi facile,
(Já conter-me não posso facilmente)
Ho, mia kor'!
(Oh, meu coração!)


Ho mia kor'! Post longa laborado
(Oh, meu coração! Após longo trabalho)
Cu mi ne venkos en decida hor'!
(Não vencerei na hora decisiva?)
Sufice! Trankviligu de l' batado,
(Basta! Acalma-te de bater,)
Ho, mia kor'!"
(Oh, meu coração!)

Que fique tranqüilo também teu coração!
Desejo-te, como sempre, toda a paz...
Todo meu carinho em brisas...
Carla

Servir Sempre

Bom dia, tiveste bons sonhos?
Para que comeces bem o dia!
Sê feliz!
Todo carinho em brisas!
Carla

"Toda vez que o desalento te assome ao caminho, não deixes que ele ultrapasse as linhas da sugestão distante. Ergue-te em espírito, recordando que deténs a mais alta faculdade da vida: a faculdade de auxiliar.
Empenha-te ao bem que possas fazer de imediato:

  • algumas horas de colaboração gratuita nas casas beneficentes, onde jazem irmãos nossos encadeados a sofrimentos que talvez, nem de longe, sentiste na própria pele;
  • o gesto de amparo, em favor de uma das muitas crianças que conheces desprotegidas;
  • o bilhete confortador para algum daqueles companheiros em prova, com os quais estejamos em débito no setor da palavra escrita;
  • a visita mesmo rápida aos enfermos em solidão para quem a tua frase amistosa será um tesouro de lenitivos;
  • a obra singela de entendimento e fraternidade, no socorro ao lar de alguém;
  • a bagatela de ação, no auxílio aos irmãos que, por necessidade de segregação curativa, foram emparedados na cadeia ou no manicômio;
  • alguma pequenina doação de serviço à natureza que funcionará em benefício de todos.
Não te permitas conviver com o desalento sob qualquer forma de manifestação.
Uma hora de desânimo é capaz de arrojar-te a largo tempo de angústia, enquanto que um minuto de cooperação no amparo a outrem pode ser o ponto fulgurante de partida para mais altos destinos.
Milhares de oportunidades para a construção do bem te desafiam a cada passo.
Arcturo é uma estrela de potência muito mais elevada que a do Sol que nos ilumina e, conquanto seja preciosa fonte de estudos, não consegue estender um pedaço de pão ao viajante cansado que esmorece de fome.
Diante de fraquezas, deserções, obstáculos, desgosotos e mesmo à frente dos próprios erros, continua trabalhando.
O bem extingue o mal.
Desânimo é praga que arrasa serviço.
Sabemos que o tempo é nosso mais valioso recurso perante a vida; mas tempo, sem atividade criadora, tão-somente nos revela descaso perante as Concessões Divinas. Se não acreditas no poder do trabalho, observa a tarefa que realizas, junto de outra que ficou por fazer." 



Emmanuel