segunda-feira, 31 de janeiro de 2005

Sobre o tecer


"É tecer o tecido com fios desfiados de vosso próprio coração, como se vosso bem-amado fosse usar esse tecido." Gibran Khalil Gibran

Fiar

Quisera tecer em palavras os fios dessa saudade
Fios escuros de noites em claro
Fios claros de conversas obscuras
Fios delicados de poemas inconfessos
Fios de pensamento religados no Universo...
Fios de internet, fios de eletricidade
Fios de magnetismo espiritual e humano
Fios de mensagens digitadas e impressas
Fios de palavras nunca ditas...
Fios coloridos de sonhos compartilhados
Fios tênues de tristezas divididas
Fios fortes de certezas encontradas
Fios transparentes de verdades reveladas
Fios de prece, fios de medo
Fios de maldade e bondade entrelaçados
Fios de doce e amargo em nossa boca
Fios de suspiros e merenguinhos e pastelinas
Fios de anatomia do corpo e da língua falada
Fios de sotaques e melodias diferentes
Fios de canções e músicas
Fios de silêncio e contemplação
Fios tantos, de tantos jeitos
Que emaranhados em tua teia, em minha teia, estamos
Em todos os fios juntos, em fios de amor...
Fios de amor que desmancham
Todos os outros fios...
Fios de amor que recompõem
Fios de saudade e esperança
Desfiados todos nas letras desse poema
Que não pude escrever pra ti...


Desfiar

Fios todos, de tantas amarrações
Fios desfeitos mil vezes, subitamente
Reatados nós, mil vezes, cada vez
Tempestades - cada raio - um ponto desfeito

Hoje os laços se desmancham naturalmente
Os gostos descobertos
Os gostos diferentes
Desfiados, quase todos...

Pipas ou pandorgas - livres
Botes e veleiros - livres
Sonhos, esperanças - livres
Fios coloridos no azul do céu

Apenas um fio permanece

Por sobre todos os tempos e distâncias
Por sobre todos os gostos e caminhos
Feito seda, feito nylon, feito aço
Forte, extenso, invisível

Fio de amor - cada dia mais sublimado
Fio de luz - alimentando serena felicidade
Fio de olhar - todo ele silencioso não-dizer
Fio de desfiar, libertar, viver

Em paz!

Brisas, todas, amenas!
Carla

# Soprado aos quatro ventos pela Brisa | Agora já é ventania... (4)
De sopros a ventanias...

Quanta energia boa sinto aqui. Versos na brisa e a brisa é sensível. Obrigada por compartilhar suas emoções conosco. Bjs.
Luciana | Homepage | 03.02.05 - 12:30 pm | #

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 Doces ventanias que nos levam a grandes feitos.
Beijos, meu novo end.
Manu | Homepage | 02.02.05 - 3:03 pm | #

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 Oba, gente sensível aqui. Abraços, Marcelino
Marcelino | Homepage | 01.02.05 - 6:54 pm | #

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Bom, não tem muito o que dizer ! Lindo o texto, estás (como sempre) de parabéns !
Brother Wolf | Homepage | 31.01.05 - 9:24 pm | #

terça-feira, 25 de janeiro de 2005

Mensagem secreta!

Queridos!

Naturalmente posso contar com a discrição de vocês de não sair espalhando por aí...
Eis então a mensagem secreta!

Acho que nunca terei coragem de dizer
Porque só de pensar na possibilidade...
Bom, choro mesmo!

Mas aquele dia, aquela cena...
Tão banal pra tanta gente
Foi um ápice de felicidade pra mim!

A gente no carro,
Subindo o alto...
Chovendo e frio (por causa do ar, claro!)
E tua voz cantando com a minha
A plenos pulmões...

"O amor é o calor que aquece a alma
O amor tem sabor pra quem bebe a sua água"

E risos...

"Faz muito tempo, mas eu me lembro você implicava comigo
Mas hoje eu vejo que tanto tempo me deixou muito mais calma
O meu comportamento egoísta, o seu temperamento difícil
Você me achava meio esquisita e eu te achava tão chata

Mas tudo que acontece na vida tem um momento e um destino
Viver é uma arte, é um ofício
Só que precisa cuidado
Prá perceber que olhar só prá dentro é o maior desperdício
O teu amor pode estar do seu lado

O amor é o calor que aquece a alma
O amor tem sabor prá quem bebe a sua água"

(Do seu lado... do Nando Reis, na voz gostosa do Jota Quest... na ordem dos sonhos da minha memória!)

Te amo tanto, mãe!
Como te admiro!
Te ouvir rir assim é tão bom!

Beijinhos e brisas!

Não vão contar, hein!
Beijos e carinhos de brisas pra vocês também!

Carla

# Soprado aos quatro ventos pela Brisa | Agora já é ventania... (5)
Oi! A gente está se desencontrando hoje. Passei a manhã inteira no msn, e agora são 14:15 e tenho que sair. Acho que devem ser 10:15 aí? Quem sabe de noite a gente se vê, não sei que horas estarei online.
Um abraco!
Andrea | 29.01.05 - 9:21 am | #

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Que texto lindo!
É uma música? Achei que fosse poesia.
Beijos!
Andrea | 29.01.05 - 7:06 am | #

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Como sempre, belas palavras em um visual maravilhoso. Bjs.
Luciana | Homepage | 27.01.05 - 12:48 pm | #

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Eu adoro essa musica!!E de onde é o Jota Quest? Da minha terra!!!!rsrssr. BJos moça!!
Lakota | 27.01.05 - 9:23 am | #

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Carlinha..
Este é o verdadeiro sentimento, acho que se todos agíssemos de forma sincera sem medo de dizer a verdade teríamos menos maldades..
Mas todo mundo aprende né..
Um Super Beijo e parabéns
Manu | Homepage | 26.01.05 - 2:33 pm | #

sábado, 22 de janeiro de 2005

Sobre o não saber

Ele era um menino quieto, o que era um alívio para os adultos em volta…
Alívio?

Aos cinco anos, sua professora de jardim pediu aos alunos que fizessem um desenho de alguma coisa que eles amavam.
E ele, silenciosamente, desenhou a sua família.
Depois, traçou um grande círculo com lápis vermelho ao redor das figuras.
Ele olhou, olhou… Acima do círculo, ele queria escrever algo importante… mas ele ainda não sabia escrever.
Então, ele saiu de sua mesinha e foi até à mesa da professora.
"Professora, como a gente escreve…?"
Ela não o deixou concluir a pergunta. Mandou-o voltar para o seu lugar e não se atrever mais a interromper a aula.
Ele dobrou o papel e o guardou no bolso.

Quando voltou para casa, naquele dia, ele se lembrou do desenho e o tirou do bolso.
Alisou-o bem sobre a mesa da cozinha, foi até sua mochila, pegou um lápis e olhou para o grande círculo vermelho.
Sua mãe estava preparando o jantar, indo e vindo do fogão para a pia, para a mesa.
Ele queria terminar o desenho antes de mostrá-lo para ela.
"Mamãe, como a gente escreve…?"
"Menino, não dá para ver que estou ocupada agora? Vá brincar lá fora. E não bata a porta."
Ele dobrou o desenho e o guardou no bolso.

Naquela noite, ele tirou outra vez o desenho do bolso.
Olhou para o grande círculo vermelho, foi até à cozinha e pegou o lápis.
Ele queria terminar o desenho antes de mostrá-lo para seu pai.
Alisou bem as dobras e colocou o desenho no chão da sala, perto da poltrona reclinável do seu pai.
"Papai, como a gente escreve…?"
"Ei, estou lendo o jornal e não quero ser interrompido. Vá brincar lá fora. E não bata a porta."
O garoto dobrou o desenho e o guardou no bolso.

No dia seguinte, quando sua mãe separava a roupa para lavar, encontrou no bolso da calça do filho enrolados num papel, uma pedrinha, um pedaço de barbante e duas bolinhas de gude.
Todos os tesouros que ele catara enquanto brincava fora de casa.
Ela nem abriu o papel. Atirou tudo no lixo.

Os anos rolaram…
Quando aquele menino já tinha 28 anos, sua filha de cinco anos fez um desenho.
Era o desenho de sua família. O pai riu quando ela apontou uma figura alta, de forma indefinida e disse:
"Este aqui é você, papai!"
A garotinha também riu.
O pai olhou pra o grande círculo vermelho feito por sua filha, ao redor das figuras e lentamente começou a passar o dedo sobre o círculo.
Ela desceu rapidamente do colo do pai e avisou: "eu volto logo!"
E voltou. Com um lápis na mão. Acomodou-se outra vez nos joelhos do pai, posicionou a ponta do lápis perto do topo do grande círculo vermelho e perguntou:
"Papai, como a gente escreve...

...amor?"

Ele abraçou a filha, tomou a sua mãozinha e a foi conduzindo, devagar, ajudando-a a formar as letras, enquanto dizia:
"Amor, querida, amor se escreve com as letras

T E M P O."

Quanto tempo leva para descobrirmos o tempo perdido? O amor desperdiçado?

Quanto tempo quietos dobrando mil vezes o mesmo desenho, procurando saber…

Há os que gritam, incomodam… a ânsia de saber é a mesma…

E os silenciosos?

O tempo é questão de escolha…

Todas as brisas… todo o tempo!
Carla

Baseado no capítulo Círculo de amor, de Jeannie S. Williams, do livro Histórias para o coração da mulher, de Alice Gray, Editora United Press, 2002.
# Soprado aos quatro ventos pela Brisa | Sopre seus ventos (0)

sábado, 15 de janeiro de 2005

À beira do fogo

É tão bom te ouvir sorrir
Como ouvir um regato a correr
Às vezes diviso em teu olhar
Paisagens perdidas, pastos, montanhas
Um cheiro de lendas às vezes te envolve
Teus cabelos lisos escorrem estrelas
De noites inteiras à beira do fogo
Tão perto de Deus
Tua voz, de repente, me soa
Silente, como vento a roçar as árvores
Às vezes, no vento, a fúria das tempestades
Às vezes, diviso, miragens
Que se dissipam no teu jeito alegre
Que de repente... de novo!
Inventa de reinventar o vento
Que sopra de ti
Em noites inteiras passadas
À beira do fogo presente
Tão perto de Deus... futuro!
Futuro tão perto...

Brisas nas brasas
Dormidas do teu coração!

Carla
# Soprado aos quatro ventos pela Brisa | Um vento soprado... (1)
Adorei o novo visual! E amei a poesia!
Tenha um fim de semana fantasticamente bom!
Letícia | Homepage | 21.01.05 - 4:08 pm | #

domingo, 9 de janeiro de 2005

Viva em paz

Queridos!

Começo de ano, praticamente todos os votos trocados pedem por PAZ!
Muito mais do que saúde e prosperidade, a Paz tem sido o item em pauta esses dias...
E, dentre todas as mensagens que já li, esta veio como tornado despertador.
Estou meio jibóia do Pequeno Príncipe (lembra, logo no início do livro?), digerindo as verdades que encontrei nela.
A impressão que tenho é que vou passar a vida inteira pensando e tentando me aproximar disso...
Talvez tenha chegado mesmo a hora de amadurecer.

Esperando que seja útil também a vocês, queridos...
Com votos de verdadeira paz!
Viva em Paz

Você é membro da família universal.
A importância que se atribui ou não, tem a dimensão que você lhe dá.

Porque não é o centro da vida, despreocupe-se em relação aos outros.
Não se importe se é ou não amado; se lhe oferecem ou não bondade; se é aceito ou rejeitado.

Quando alguém usar de violência ou de generosidade em relação a você, descarte qualquer merecimento nessa ocorrência.
Você é somente pretexto para que o próximo se desvele.

Quando alguém o agrida ou ame, a si próprio se violenta ou se estima.
Você é apenas o móvel daquela manifestação que está latente nele.
Não fosse você e aquela exteriorização seria dirigida a outrem.
Por isso, não se agaste com ninguém ou coisa nenhuma.

Quando você se irrita ou se pacifica com uma pessoa, ela foi só o motivo da sua realidade íntima, que então se irradia do seu mundo interior.
Trabalhe-se intimamente, domando as suas paixões de qualquer espécie.
Auto-analise-se com severidade.

O que você vê fora, resulta do que você cultiva por dentro.
O conceito que você supõe que os outros fazem a seu respeito é o conceito que você faz de si mesmo.

Ao compreender que tudo é conforme a sua própria realidade e que você deve melhorar-se sem a presunção de modificar os outros, você principiará a viver em paz, sem que lhe atinjam o elogio ou a calúnia, o apoio ou a repreensão...

Você faz parte da vida e é vida em desdobramento na direção da Vida plena.
Assuma o seu papel e execute a sua parte, na esfera do seu autoburilamento espiritual.

Marco Prisco

Todo meu carinho em brisas,
Carla
# Soprado aos quatro ventos pela Brisa | Sopre seus ventos (0)

sábado, 1 de janeiro de 2005

Amizade

Queridos

Doce é começar (ou recomeçar) falando sobre amizade.
Deixo aqui um texto de Gibran, do livro O Profeta.

Para cada amigo, especial como cada um é, uma brisa também especial.
Um alento, um afago, um sorriso...
E todo meu amor nas letras.

"E um adolescente disse: "Fala-nos da amizade".
E ele respondeu, dizendo:
"Vosso amigo é a satisfação de vossas necessidades.
Ele é o campo que semeais com carinho e ceifais com agradecimento.
É vossa mesa e vossa lareira.
Pois ides a ele com vossa fome e o procurais em busca de paz.
Quando vosso amigo manifesta seu pensamento, não temais o 'não' de vossa própria opinião, nem prendais o 'sim'.
E quando ele se cala, que vosso coração continue a ouvir o seu coração.
Porque na amizade, todos os desejos, ideais, esperanças nascem e são partilhados sem palavras, numa alegria silenciosa.
Quando vos separais de vosso amigo, não vos aflijais.
Pois o que amais nele pode tornar-se mais claro na sua ausência, como para o alpinista a montanha aparece mais clara, vista da planície.
E que não haja outra finalidade na amizade a não ser o amadurecimento do espírito.
Pois o amor que procura outra coisa a não ser a revelação de seu próprio mistério não é amor, mas uma rede armada, e somente o inaproveitável é nela apanhado.
E que o melhor de vós próprios seja para vosso amigo.
Se ele deve conhecer o fluxo de vossa maré, que conheça também o seu refluxo.
Pois, que achais seja vosso amigo para que o procureis somente a fim de matar o tempo?
Procurai-o sempre com horas para viver:
Pois o papel do amigo é o de encher vossa necessidade, e não vosso vazio.
E na doçura da amizade, que haja risos e o partilhar dos prazeres.
Pois no orvalho de pequenas coisas, o coração encontra sua manhã e se sente refrescado."

Feliz 2005!
Que teus olhos possam sempre ver os amigos presentes em teu caminho!
Eu entre eles!
Beijos e brisas!

Carla
# Soprado aos quatro ventos pela Brisa | Sopre seus ventos (0)