segunda-feira, 19 de abril de 2004

Pelas etapas vencidas

Poema XXXVII

"A vida do homem é feita de etapas, como as do ano são divididas em estações.

Há beleza especial em cada fase e tem finalidade própria cada ocasião.

Mudam as cores, passam os perfumes, vão-se os ritmos e ficam as lições.

Sucedem-se rápidas com as suas canções e flores, as suas tristezas e cores cinzas, os seus crepúsculos e amanheceres, todos os instantes que abrem e fecham as portas dos acontecimentos.

Essa dádiva dos deuses, que é viver, torna-se a semente da abundância do tempo, sem limite de tempo, que se conquista ao morrer, quando bem se passou cada etapa na condição de sábio aprendiz da verdade."

Rabindranath Tagore

Aos que vencem etapas... brisas de paz!
Aos que as vivenciam... brisas de esperança!
Aos que ainda não sabem... brisas de luz!
Todo meu carinho,
Carla

quinta-feira, 15 de abril de 2004

Se estas paco... Se há tanta paz...

Do, hodiaǔ, mi revenis al la esperanta lingvo de mia koro
Volante disdoni ion da espero kaj paco por ciuj
Do, hodiaǔ, mi revenis al la revoj kaj sonĝoj de mia koro
Volante disdoni ion da ĝojo kaj feliĉo por vi
Ricevu, bonvolante, miaj vortoj
Ili estas mian koron, en leteroj, por vi!

Se estas paco

Se estas paco en la blua puro
donata de l' ĉiel' kun malavar',
se estas kaj ĉielo kaj lazuro,
kial ne trovas pacon la homar'?

Se estas paco en la mov' de ondo,
alterne blanka, verda, sur la mar',
kaj ondas maroj en la tuta mondo,
kial ne trovas pacon la homar'?

Se pacon per parfumoj kaj koloroj
disĵetas flor' por nia vid' aŭ flar',
se estas pac' en flor', kaj multaj floroj,
kial ne trovas pacon la homar'?

Se estas paco en la frumatena
saluto birda antau sun-ekstar',
kaj se la mondo estas birdo-plena,
kial ne trovas pacon la homar'?

Se estas paco en la milda iro
de la zefiro tra la foliar'...
pac' en zefir', kaj multe da zefiro...
kial ne trovas pacon la homar'?


Kaj se disverŝas pacon la trankvilo
de beb-rigardo ĉe geedza par',
kaj se en ĉiu dom' estas lulilo,
kial ne trovas pacon la homar'?

Se estas paco en preĝanta koro,
kaj se por fido ne ekzistas bar',
ni preĝu kune, stare kaj en ĥoro,
kaj iam trovos pacon la homar'.

Autorino: Luna Fernandes.
Esperantigo: Sylla Chaves.


Se há tanta paz

Se há tanta paz no azul que o céu abriga
e há tanto azul, que tanto bem nos faz;
se há tanto azul e há tanto céu, me diga:
por que é que o Homem não encontra a Paz?

Se há tanta paz no verde mar da onda,
que faz-se em verde e em branco se desfaz,
e há tantas ondas pelo mar, responda:
por que é que o Homem não encontra a Paz?

Se há tanta paz no olor das multicores
flores – orquídeas, rosas, manacás...
Se há paz em cada flor e há tantas flores,
por que é que o Homem não encontra a Paz?

Se há tanta paz nos cânticos suaves
que entoam na alvorada os sabiás...
Se há paz num canto de ave e há tantas aves,
por que é que o Homem não encontra a Paz?

Se há tanta paz na brisa que desliza
sobre as folhagens, tímida e fugaz...
Se há tanta paz na brisa e há tanta brisa,
por que é que o Homem não encontra a Paz?


Se há tanta paz nas expressões tão mansas
que, ao vir ao mundo, uma criança traz,
e a cada dia existem mais crianças,
por que é que o Homem não encontra a Paz?

Se há tanta paz nos corações com Fé
- que atrai o Bem e afasta as coisas más -
então oremos todos, já, de pé.
para que o Homem encontre um dia a Paz!

Autora: Luna Fernandes.
Tradutor: Sylla Chaves.

Queria negritar o poema inteiro, mas destaquei a brisa...
Que sejam sopros de esperança e paz sobre seus corações!
Al
ĉiuj gefratoj! Mia amo, mia koro!

Carla

quarta-feira, 14 de abril de 2004

Dos sonhos

É quando anoitece que tenho mais clara essa impressão...
Eu sei que tu querias que eu acreditasse que tudo fosse um sonho
E o passar dos dias, como o vento levando a areia das dunas
Levasse embora também todas as esperanças e saudades
Mas tu te esqueces de que eu me lembro
E lembro muito mais do que podes imaginar...
Eis que o feitiço virou-se contra o feiticeiro
E és tu quem esqueces suavemente
Todas as canções de ninar...
E eu vejo nitidamente os contornos dos teus sonhos
Evaporarem-se como névoa ao amanhecer
E ter consciência do teu esquecimento dói mais que a lembrança toda...
Mas hei de sorrir novamente...
Um dia, (profetizo - e gosto agora do que faço)
Tu voltarás por outros caminhos
Tu não te lembrarás de nada mais, mas uma suave impressão
Uma vaga certeza te dissipará todas as dúvidas
E eu te sorrirei senhora de todas as lembranças
E direi: sê bem-vindo a tua casa!
E terás de novo a sensação de reencontrar uma irmã de muito tempo,
Tanto tempo, tanto tempo, todos os ventos...
Porque, na verdade, nunca abandonastes meu coração!

"So dream, and your dreams will come true" (A Nightingale's Lullaby)

Todas as brisas!
Carla

segunda-feira, 12 de abril de 2004

Hoje

"Minha alma canta
Vejo o Rio de Janeiro
Estou morrendo de saudades
Rio, seu mar, praias sem fim
Rio, você foi feito pra mim
Cristo Redentor,
Braços abertos sobre a Guanabara
Este samba é só porque
Rio, eu gosto de você (...)"

(Samba do Avião, Tom Jobim, trecho)


Essa era a música que não saía da minha cabeça, depois de dez horas de viagem com o pés molhados (é, eu só levei um par de tênis...), a roupa enlameada, a mochila idem e eu com a cara de moleque mais moleque do mundo...



E posso dizer feliz: viajar é ótimo, principalmente a volta pra casa, onde quer que ela seja!

E para os que acham que enlouqueci ou não sei das notícias, só peço que orem por nós! Todos nós! Eu disse TODOS!

Brisas de paz, calma e esperança!

Carla

quinta-feira, 8 de abril de 2004

Brisas de alegria

Queridos...
Eis que chega o dia da grande aventura de minha vida!
Depois de tantas coisas vividas, um rito de passagem...
É tanta alegria pela expectativa da viagem, que tudo ganha um brilho diferente... a mochila logo ali esperando pelos dias que virão, será minha companheira de caminhos desconhecidos...
E como eu gosto de viajar! Próprio da natureza dos ventos...
Mas antes de ir, sem saber quando volto, se volto, gostaria de deixar alguns pensamentos para seus corações...
Algo de gratidão pelas visitas, pelas palavras, pelo carinho que me envolve em brisas tão suaves...
Quisera escrever um bilhetinho a cada um... particular e público...
Mas o cansaço me vence... também preciso ir dormir, encontrar outros amigos, em outras atividades...

Então deixo uma mensagem e uma prece, que espero sejam úteis...
É todo meu carinho por vocês!

Eis Tagore, numa de suas parábolas...

"Imerso na solidão,
O lavrador apoiou-se no instrumento rude de revolver a terra, e, fitando o poente ensanguentado, banhou-se das últimas rajadas luminosas do entardecer.

Em derredor,
tudo se cobria do mistério da noite penetrante.

Fitando as árvores longe,
os pássaros a cortar o ar,
a noite bocejando trevas,
mergulhou em meditação o rude filho...

Com os olhos banhados de sorrisos,
recordava as quantas vezes ouvira, deslumbrado,
Gurus errantes e Sadus pregadores.

E quantas vezes retornara ao lar, preso a inquietude e a desolação? Interrogava a si mesmo.

A meditação - afirmavam todos - é um tesouro raro, que somente se consegue com luta e dor.

E foi na meditação - recordava -
enquanto lavrava o campo arroteando o solo,
que descera a si
e entendera o que a linguagem de outras bocas não lhe pudera dizer.

Agora, aclimatado a solilóquios,
lutava contra si mesmo,
buscando vencer, repetindo na mente:

o inimigo maior não é o declarado, mas o oculto...
o inimigo que se deve vencer não é o de fora, mas o de dentro da alma;
o feroz inimigo não deve ser odiado e perseguido, mas amado e superado;
quando livre dos inimigos de dentro, ocultos no coração, o homem liberta-se dos adversários de fora,
porque aquele que se vence,
o mundo inteiro vence...

Só então, aos lampejos das estrelas, voltou ao lar banhado de paz, para mergulhar na vida!"


E a prece...

Minhas palavras, como ondas de incenso perfumado, subindo e espalhando-se como fumos dissipados pelo vento, hão de ser como a alma das flores buscando o espaço sublime de Tua presença, ó Grande Arquiteto das Tênues Formas do Ar...
E chegando aos Teus pés meu coração, eu, que não ouso levantar o olhar, ouso ainda pedir pelos doces amores de minha vida, todos os amigos novos e antigos; e um a um hei de lembrá-los nesse altar sublime do espaço:
(...)
E os estreito num longo abraço de terna gratidão, rogando a Ti, Pai querido, por cada um deles...
que tenham bom ânimo para todas as lutas;
que saibam viver a alegria e o amor, em plenitude;
que descubram dia-a-dia a fortaleza que possuem;
que enfrentem as dificuldades com coragem e esperança;
e cada dia percebam mais a Tua presença de Amor em nossas vidas...
Sejam flores a cair sobre nós, nesse dia que começa, Teu sorriso em luz a espraiar-se como página aberta de esperança no livro da vida...
Mas, que em tudo, sempre seja feita a Tua vontade, sábia e justa, porque de nós, nada temos e nada sabemos...

Brisas!
Carla

segunda-feira, 5 de abril de 2004

Chorar de tristeza e chorar de saudade

Uma brisa apenas...
É o suficiente para a gente se perceber completamente distante do local onde se está...
Vêm as lembranças, como em brisas, embaladas em sentimentos diversos... E com elas, as brisas, as lembranças (minha mãe falando: vento de chuva!), vêm também as lágrimas...

Chorar, se chora, por tantos motivos... E há, entre eles, o chorar de tristeza e o chorar de saudade...

Chorar de tristeza é tomar remédio amargo, sabendo que não vai adiantar... Lembrar, torturando-se de tudo e começar a conjecturar... Por que foi assim? Qual o motivo oculto? E as respostas, ou não existem lógicas, ou são outros tantos labirintos de suposições infelizes que só podem levar a lugar nenhum... Choro em vão, de quem não vai conseguir resolver nada... Mas, acaba por aliviar, caso deixemos a mão leve e doce do cansaço cerrar nossas pálpebras numa espécie de morte de tudo o que é infeliz... Abrir os olhos de novo é acordar em outra vida!

Chorar de saudade é beber suco de uva como vinho... e ter certeza que é vinho. É um suave reviver... sentir de novo tudo o que sentimos... ah, magia da saudade, que nos faz ter de novo 20, 15, 12 anos e a plena consciência de que agora podemos apreciar tão melhor esses momentos... Chorar de saudade é uma garoa num dia abrasivo... Um sossego, uma unção... É sorrir, pleno de sabedoria e de esperanças, sem se saber bem em quê... no fundo, sabendo que em Deus...

Felizes os que podem e sabem chorar...
E fazem de suas lágrimas bênçãos líquidas, que alimentam sorrisos...
Eis que a brisa passa, e alguém te chama...
O feliz presente, tempo de criar e ser, e construir novas lembranças e saudades, está todo aí, em tuas mãos...
Por onde andaste? Perguntar-te-ão...
Tu sorrirás aquele sorriso (the secret smile that you use only for me)...
E daqui, hei de sorrir também...

Ventos de saudade...
Sopros de esperança...
Alento de flores...
Todo meu carinho em brisas!

Carla

sábado, 3 de abril de 2004

Voltei!

Eis Brisa novamente no ar! Plena de esperanças!
Como diz nosso querido Renato (que Deus o envolva em bênçãos de paz): "dos tempos de tristeza tive o tanto que era bom..." Agora, voltar a ativa, espalhando tudo de bom que puder carrear em meus braços, versos e pensamentos...

Tantas coisas a dizer, vou tentar me organizar!

Há sempre aquela história de livro preferido... Tenho tantos preferidos que escolher um acaba sendo uma dificuldade... O critério de preferência é sempre o momento...
Mas há um que está sempre na lista, independente de tudo. Chama-se Amizade de Meimei.

Logo do prefácio tirei o trecho que dedico a ti, hoje:

"Amigos foi a titulação mais expressiva que Jesus destacou do vocabulário para definir os companheiros (relativo ao versículo 15, do cap. 15 de João). Isso naturalmente ocorreu, porque nenhum de nós consegue algo realizar sem amigos que nos comunguem os pensamentos e nos auxiliem a concretizar os próprios anseios."
Emmanuel

Agora em paz, posso refletir sobre o que aconteceu.
Essa semana começou com uma apreensão muito grande, uma angústia de que ficaria sem mais falar com um grande amigo. Tanta, que corri pra ele, dividindo os meus receios, que, no momento, tornaram-se realmente infundados.
A semana terminou com a concretização de tudo o que fora previsto. O mau pressentimento, ainda que por motivos diversos do imaginado, aconteceu.
A par do como tudo ocorreu, hoje pude refletir melhor no porquê.
Por que eu, que nunca fui dada a pressentimentos, tive tanta certeza do que iria ocorrer?
Havia um motivo, muito simples: para que eu me preparasse e enfrentasse tudo serenamente. Pois foi exatamente o que eu não fiz... Demorei 48 horas pra perceber a situação, que já me tinha sido avisada há 5 dias...
Ah, invigilância...
Hoje percebo que tudo era um teste (com gabarito) para minha resignação, para minha fé... E tenho certeza que, com o tempo, ainda vou perceber mais coisas...
Tanto ainda a aprender!
Hoje percebo o mal que te fiz, amigo, ao te envolver com meus medos...
Perdoa-me! Recebe de mim apenas a gratidão e o carinho de sempre...
Guarda de mim a suave impressão de Brisa que espero ter te causado...
Algo de paz, algo de bom...
Eis que te vejo ir, e já não me angustio... Minhas preces te seguem por toda parte...
E sou quem te agradeço por tudo...
Não fosse por ti, nem estaria escrevendo aqui, não é mesmo?

Será que tu, que me lês, já tiveste estes pressentimentos?
Será que já percebeste, pleno de certeza, que não estamos aqui por acaso?
Será que prestas atenção aos acontecimentos de tua vida?
Ou vais te deixando levar pelas 48 horas que se transformam em anos, décadas, séculos, milênios?

Pois o laboratório continua a pleno vapor, na alquimia sublime da transformação de sentimentos. Agora já percebo o craqueamento catalítico pelo qual passei... Ainda não cheguei as frações de topo... Nossa, ainda estou longe... Mas o melhor de tudo é que estou a caminho.

Brisas de paz e luz, a todos os amigos!
Flores voejantes sobre seus corações!
Meu carinho em brisas!
Carla

quinta-feira, 1 de abril de 2004

Ventos

Ventos que sopram essa noite
Apagarão velas, levantarão cortinas
E desdenharão da placidez das pedras

Ventos que sopram essa noite
Levarão para longe todas as lembranças
E me trarão de volta todas as saudades

Ventos que serão mãos
A acarinhar
A esvoaçar sonhos

Ventos que são silêncios
A contar segredos
A cantar canções

Ventos que sopram essa noite
Quem sabe me trarão estrelas?
Quem sabe me trarão você?

Brisas noturnas
Carla

Promessa

Ternamente eterno, terno e branco
Que em brancas nuvens vai tua ternura
Terminantemente branco e terno
Nuvem travessa, tua travessura

Eu brinco branca brilhante e terna
Ternamente eterno, terno e branco
Que em brancas nuvens vai tua ternura
Travessura tanta que eu estanco

Brilho branco eterno, terno e branco
Em nuvens claras, brancas não. Lembro.
Ternura tanta que o tempo estanca.

Não estanque tua ternura branca
Que eu lembro terna tua travessura
Nas nuvens minhas onde andava eterna.

Brisas
Carla