terça-feira, 26 de outubro de 2004

Sobre a vida!

Hoje é aniversário de pessoas muito caras ao meu coração...

* a pequena Daniela, que está se tornando uma mocinha!
* e um amigo distante, das frias madrugadas, dos sorrisos e das lágrimas, o Paulo Jorge.

Para eles, em especial, e para todos
que por aqui vem buscar um alento de paz,
uma de minhas mensagens preferidas
do poeta indiano Rabindranath Tagore...



"A vida do homem é feita de etapas, como as do ano são divididas em estações.

Há beleza especial em cada fase e tem finalidade própria cada ocasião.

Mudam as cores, passam os perfumes, vão-se os ritmos e ficam as lições.

Sucedem-se rápidas com as suas canções e flores, as suas tristezas e cores cinzas, os seus crepúsculos e amanheceres, todos os instantes que abrem e fecham as portas dos acontecimentos.

Essa dádiva dos deuses, que é viver, torna-se a semente da abundância do tempo, sem limite de tempo, que se conquista ao morrer, quando bem se passou cada etapa na condição de sábio aprendiz da verdade."

Um beijo e toda a ternura da brisa!
Carla

domingo, 3 de outubro de 2004

Guardanapos de Papel

Tem certas músicas que tem tanta poesia, mas tanta...
Caio lembrou e a Fabiana declamou pra gente...
A sala éramos nós três... o café fumengando, os sonhos bailando nas letras!
A voz da Fabiana ecoando em todas as paredes, pela noite... a vida inteira!
Que paredes? Estávamos de novo lá pertinho do Pico da Bandeira...
A noite, o vento, as estrelas...
Todas as esperanças!

Tem certos momentos que fazem a gente ter certeza que vale a pena estar vivo!
Obrigada irmãos queridos!!!

Guardanapos de papel
(Biromes y servilletas )
Letra: Leo Maslíah, versión de Carlos Sandroni

Na minha cidade tem poetas, poetas
Que chegam sem tambores nem trombetas,
Trombetas e sempre aparecem quando
Menos aguardados, guardados, guardados
Entre livros e sapatos, em baús empoeirados
Saem de recônditos lugares, nos ares, nos ares
Onde vivem com seus pares, seus pares
Seus pares e convivem com fantasmas
Multicores de cores, de cores
Que te pintam as olheiras
E te pedem que não chores
Suas ilusões são repartidas, partidas
Partidas entre mortos e feridas, feridas
Feridas mas resistem com palavras
Confundidas, fundidas, fundidas
Ao seu triste passo lento
Pelas ruas e avenidas
Não desejam glórias nem medalhas
Medalhas, medalhas, se contentam
con migalhas, migalhas, migalhas
De canções e brincadeiras com seus
Versos dispersos, dispersos
Obcecados pela busca de tesouros submersos
Fazem quatrocentos mil projetos
Projetos, projetos, que jamais são
Alcançados, cansados, cansados nada disso
Importa enquanto eles escrevem, escrevem
Escrevem o que sabem que não sabem
E o que dizem que não devem
Andam pelas ruas os poetas, poetas, poetas
Como se fossem cometas, cometas, cometas
Num estranho céu de estrelas idiotas
E outras e outras
Cujo brilho sem barulho
Veste suas caudas tortas
Na minha cidade tem canetas, canetas, canetas
Esvaindo-se em milhares, milhares, milhares
De palavras retorcendo-se confusas, confusas
Confusas, em delgados guardanapos
Feito moscas inconclusas
Andam pelas ruas escrevendo e vendo e vendo
Que eles vêem nos vão dizendo, dizendo
E sendo eles poetas de verdade
Enquanto espiam e piram e piram
Não se cansam de falar
Do que eles juram que não viram
Olham para o céu esses poetas, poetas, poetas
Como se fossem lunetas, lunetas, lunáticas
Lançadas ao espaço e o mundo inteiro
Inteiro, inteiro, fossem vendo pra
Depois voltar pro Rio de Janeiro!

Tomado de: Milton Nascimento "Tambores de Minas".

Semana de poemas, poemas, poemas...
De suspiros revelados, de sonhos desabrochados...
E Salve São Francisco!
Meu carinho

Carla