quinta-feira, 14 de março de 2013

Dia do poeta

Em homenagem a Castro Alves...
Para Érica, em memórias as longas cartas cheias de poemas que trocávamos...
 
O LAÇO DE FITA 
 
Não sabes, criança? ‘Stou louco de amores...
Prendi meus afetos, formosa Pepita.
Mas onde? No templo, no espaço, nas névoas?!
Não rias, prendi-me
Num laço de fita. 
 
Na selva sombria de tuas madeixas,
Nos negros cabelos da moça bonita,
Fingindo a serpente qu’enlaça a folhagem,
Formoso enroscava-se
O laço de fita. 
 
Meu ser, que voava nas luzes da festa,
Qual pássaro bravo, que os ares agita,
Eu vi de repente cativo, submisso
Rolar prisioneiro
Num laço de fita. 
 
E agora enleada na tênue cadeia
Debalde minh’alma se embate, se irrita...
O braço que rompe cadeias de ferro,
Não quebra teus elos,
Ó laço de fita! 
 
Meu Deus! As falenas têm asas de opala,
Os astros se libram na plaga infinita.
Os anjos repousam nas penas brilhantes...
Mas tu... tens por asas
Um laço de fita. 
 
Há pouco voavas na célere valsa
Na valsa que anseia, que estua e palpita.
Por que é que tremeste? Não eram meus lábios...
Beijava-te apenas...
Teu laço de fita. 
 
Mas ai! findo o baile, despindo os adornos
N’alcova onde a vela ciosa... crepita,
Talvez da cadeia libertes as tranças
Mas eu... fico preso

No laço de fita.
Pois bem! Quando um dia na sombra do vale
Abrirem-me a cova... formosa Pepita!
Ao menos arranca meus louros da fronte,
E dá-me por c’roa...
Teu laço de fita. 
 
 
São Paulo, julho de 1868 
 
Queridos, procurando este poema de que tanto gosto achei muitas "versões" na internet, talvez erros de digitação, talvez "arte criativa" de quem queria divulgar o poema... Infelizmente não estava com o meu Espumas Flutuantes à disposição para consulta, o que é o mais recomendável (confirmar no livro impresso a digitação, formatação etc).
 
Encontrei no Domínio Público (http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000006.pdf) o livro.
 
Fica a dica!
 
Beijos nas brisas!
Carla

segunda-feira, 11 de março de 2013

De dias pra deixar passar

Saudade louca de qualquer lugar
Estar, vir a ser, saudade do que ainda vou chegar
Estranhei as estrelinhas que pintei nas unhas
Que eram brilhos de alegria, hoje, não sei...
Amanhã, hei de chegar
E ver o sol de novo