terça-feira, 12 de junho de 2007

Para ti...

Alma querida...
Tu, que esperaste a palavra singela,
O sorriso desabrochado em qualquer hora do dia...
E, esperando, espalhaste, ao redor dos teus passos
A poesia que te preenche o peito,
Os quadros belos que te povoam os sonhos
As pérolas das lágrimas de ternura que orvalharam tuas mãos durante os afazeres cotidianos...

A ti, alma querida,
Merecedora de todo meu afeto e gratidão...
Desfolho versos para teus olhos e ouvidos...
Esparjo flores imateriais para deleitar teus sentidos...
E te abraço, estreitando teu coração ao meu!

Felicidades! Paz!

Eis os versos, de Tagore, meu presente!

"Sinfonia da Esperança

Inclina teu ouvido, meu amigo, e escuta a melodia da terra, derramando a música da fartura!
A cana de bambu, esvaziada de vida, também se dobra em busca do chão, para enriquecer-se de melodia.
O teu pequeno sofrimento de soledade se mistura ao infinito sofrimento de soledade do mundo.
E enquanto aos teus ouvidos não chegue a acústica da grande dor, a tua dor não romperá a concha da acústica da felicidade de todos...
Toma da vara de bambu e sopra nela, qual uma frauta, e deixa que teu campo de tristeza cante a tua dor, na tristeza de todas as dores que não podem cantar!
E enche... enche com a melodia que teus ouvidos captem da abundância do chão, o vazio do teu coração deserto...
E verificarás, atônito, que o amor, quanto mais se doa mais se enriquece, e quanto mais se esvazia mais se embebeda de amplidão...

***

Encontrei-te um dia, amigo, e pediste para que eu cantasse.
A minha voz se perdia na sinfonia da Terra em festa, e eu não podia cantar!
Chamaste-me "amigo", e a voz da tua melodia deu melodia à minha voz, para que eu te chamasse "irmão"!

***

Acompanhei com os olhos a abelha, ébria de zumbido, no festival sonoro que a Natureza cantava!
E vi-a avançar em redemoinho de festa até à última flor de lótus, que derramava perfume.
Avancei precípite e arranquei a débil mensagem da vida perfumada, e saí a procurar-te, amigo, para recolher nas pétalas mimosas as tuas lágrimas, como o orvalho de um irmão, na intimidade da terra que nos dava o lótus, como a fartura no seu seio maternal.
E por isso, agora que o outono não mais nos pode atender, deixa-me segurar-te a mão, para cantar contigo, na tristeza do nosso caminho, a sinfonia da esperança, como abelhas do trabalho, embriagadas, na primavera, no festival das alegrias!"

Rabindranath Tagore
(psicografado por Divaldo Pereira Franco)



Beijos suaves em brisas perfumadas!

Carla

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