sábado, 23 de abril de 2005

Sobre uma flor

Quão bonito seria ver um campo de marcela
Desse arbusto tão cheiroso que se enfeita,
Uma vez por ano, de pequenas flores amarelas...
Tradicionalmente colhidas na Semana Santa...

Fala-se de vários nomes... macela, paina, Achyrocline satureoides
E Achyrocline vem do grego:
"akhyron" quer dizer palha e "cline" quer dizer cama.
Uma cama de palha como a que existia na casa da Oma!
Aconchego de dormir... berço de sonhos!
Satureoides vem de "satureira",
Nome latino usado por Plínio para a planta.

Outros tantos já te viram, breve flor amarela!
Egípcios te dedicavam ao Sol!
Prezavam-te por tuas propriedades curativas.
Os gregos te receitavam para febres e perturbações femininas.
O teu aroma relaxante aliviava asma e curava insônias.
E até José Afonso, um cantor português,
Declamou "Eu hei-de ir colher macela".

Colha não!
Que a Emater do RS não gosta, reclama e avisa:
A plantinha está às vésperas da extinção.
A causa é a tal colheita desenfreada que ocorre na Semana Santa.
Ah, tradição... mudar, então!

E enquanto não te colhem,
Vais crescendo, subindo a serra que acompanha o mar,
Nas regiões Sul e Sudeste, entre platôs e planaltos,
Ambientes mais secos.
Mas estando em tanto lugares, um te escolheu primeiro:
A planta medicinal símbolo do Rio Grande do Sul.

Hoje continuam te receitando para febres e enxaquecas.
Nos tratamentos caseiros de problemas digestivos e intestinais.
Nos travesseiros para melhorar o sono e prevenir alergia respiratória.
Um sedativo.
Chá emagrecedor, macerada em água fria, como recomendam os índios.
Ou ainda em florais, indicado para aqueles que não deixam o outro falar...
E se recusam a ouvir,
Estimulando o saber "colher" o que está sendo dito.

Há dois maços de marcela no meu quarto, hoje...
E o cheiro salgado dela lembra minestrone...
Noite, frio, casa, aconchego, sopa, jantar em família.
Saudade!

Beijos perfumados de flores
Calmantes e belas
Apesar de amarelas!
Brisas!

Carla

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