domingo, 22 de agosto de 2004

Sobre um abraço

Todo mundo que trabalha com crianças sabe que há aqueles dias especiais...
Eu sei, todos os dias com elas são únicos e especiais...
Mas nesses, canelas e calcanhares são alvos perfeitos!
E socos e pontapés caem como chuva de verão...
Ah... os pequenos...
Num dia assim, um menino de 4 ou 5 anos, não lembro ao certo, impenetrável a todas as palavras, teve que ser contido fisicamente... um grande, enorme abraço por trás de uma das tias, contendo todas as 'armas' do nosso amiguinho...
Os minutos passaram... os músculos foram relaxando... todo o ar foi ficando doce...
A tia sussurrou no ouvido do menino:
- Já posso soltar você?
E o menino, no mesmo sussurro doce, disse:
- Ainda não!

Por que fazemos assim?
Por que esperamos o limite do outro para finalmente apresentar nosso amor, e ainda assim, disfarçado? Quando o fazemos!
E imaginar quantos e quantos meninos e meninas dando pontapés pela vida, na mesma expectativa do abraço... meninos e meninas de 4, 15, 27, 35, 60 anos...

Hoje é o dia!
São tantos gestos pequenos de ternura que podem expressar esse amor...
Somos criativos o suficiente para achar o nosso modo...
O que vamos esperar?
Traduzir esse amor em flores nos enterros?
Vamos dizer e demonstrar (ainda que sem palavras) o quanto amamos, o quanto essas pessoas são importantes para nós.
Pode ser uma avó, um irmão, um amigo.
Aprendamos a esboçar gestos de amor e a dizer palavras que alimentam a alma do outro.
Mesmo que um dia, alguém nos tenha dito que não é bom o outro saber que o amamos, porque se aproveitará de nós.
Mesmo que outro alguém tenha insinuado que parecemos tolos quando ficamos afirmando a intensidade do nosso amor, da nossa amizade e da nossa ternura.
O ser mais perfeito que andou pela Terra não temeu demonstrar amor e dizer:
"Amai-vos como eu vos amei."

Estou escrevendo para mim mesma, para eu lembrar e fazer.
Excelente semana a todos!

Um abraço muito, muito apertado!Todo meu carinho em brisas de paz!

Carla

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