sábado, 30 de junho de 2007

Do abrir e fechar II

"Sendo Deus a Infinita plenitude, ele naturalmente transborda a sua plenitude para todos os lados. E quem está em condições de abertura ou receptividade, receberá desse transbordamento, e receberá na medida da sua receptividade. Receberá de graça essa graça divina; é o homem que determina a medida da sua receptividade. Mas isto não é merecimento no sentido usual do termo; é capacidade receptiva e nada mais. A condição principal para o recebimento desse transbordamento divino está no fato de o homem não se sentir como credor de Deus, e Deus como seu devedor. Esse erro funesto fecha todos os canais do homem, e a Fonte divina, por mais que transborde, não fluirá para dentro dos canais humanos, não por culpa de Deus, mas por culpa única do homem, que obstruiu seus canais.
A natureza toda recebe automaticamente esse transbordamento da plenitude divina, recebe inconscientemente, sem poder obstruir nem alargar os seus canais.
Mas o homem, dotado de certo livre-arbítrio, tem a possibilidade de abrir e alargar, ou então fechar e estreitar os seus canais.
Todos os dons de Deus são pura graça, nada é merecimento, pagamento, nem na natureza, nem no homem.
Essa atitude de espontâneo abrimento, em face do transbordamento da plenitude divina, enche o homem de jubilosa certeza e inefável felicidade."

Huberto Rohden
(Sabedoria das Parábolas)



Queridos

Reconsiderando o abrir e fechar...
Como precisamos estar abertos ao transbordamento da plenitude divina!
Estamos?

Beijos de luz
Brisas de paz
Meu carinho,

Carla

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Do abrir e fechar

Começava o dia, depois dos cumprimentos habituais, abrindo-me como flor, sedenta dos raios de sol...
- Adoro esta música...
- Hoje tenho aula de X...
- Sinto frio... sinto calor... sinto...

Mas agora, tenho outra opinião: nem sempre é bom externar-me assim.
Primeiro para não ser um incômodo. Nem sempre os ouvintes estão interessados.
Depois, porque há partes feias que devem ficar onde estão, em processo de mudança, sem divulgação.
Não é falta de sinceridade.
Antes, é compaixão pelos outros e, por mim também.

Então, era uma flor que me abria inteira, alegre e descuidada.
Agora quero guardar um pouco das cores, um pouco do perfume, um pouco de tudo para mim. Para que eu analise, considere, transforme.
E ofereça a melhor cor, o melhor perfume, sempre!

Conhecer-me, em profundidade, antes de mostrar-me.
Porque, no fundo, falar de mim era apenas uma tentativa de ouvir-me!



"Antes de falardes com quem quer que seja, afrouxai os nervos, apelai para a Força Divina, que vos responderá, pela consciência.

Dirigi o bom humor a todas as direções; fazei-vos alegres e movimentai vossos lábios como se eles estivessem derramando amor sobre quem vos ouve.

E, se tendes a mente disciplinada e podeis fazer várias coisas à mesma hora, idealizai uma chuva de fluidos espirituais superiores, caindo sobre vossos interlocutores, desejando-lhes aquela paz provinda do coração."

Miramez

(mesma obra já citada)

Todo meu carinho
Em brisas perfumadas

Carla

terça-feira, 26 de junho de 2007

Pensar e ser feliz...

Como tu vais?
Mente sã em corpo são?
Acreditas nestas palavras? Acreditas que o pensar correto leva à saúde?
Divido contigo o pensamento de Miramez sobre este assunto.



"Pensar e falar sempre na saúde.
Pensar e comentar assuntos de alegria pura.
O humorismo sadio é portador de esperanças e de paz.
As boas maneiras, a decência, a cordialidade, o equilíbrio das emoções, tudo isto são toques de compensação funcional do corpo, que nascem na mente, passam pelos centros de força, ganhando amplitude nas glândulas que fornecem vitalidade hormonial a todos os departamentos somáticos.

A felicidade se inicia no pensamento.
O trabalho é vosso.
Começai e sereis ajudados por Deus."

Miramez

(MAIA, J. N. "Horizontes da Mente". Pelo Espírito Miramez.3ª ed. Belo Horizonte, MG: Editora Espírita Cristã Fonte Viva. 1986. Capítulo Horizontes da Mente.)

Envolvendo-te em flores brancas alaranjadas
De paz e alegria!
Brisas perfumadas,
Meu carinho,

Carla

quarta-feira, 13 de junho de 2007

As Rosas do Infinito

Em deslumbrante paisagem da Esfera superior, diversos mensageiros se congregavam em curioso certame. Procediam de lugares diversos e traziam flores para importante aferição de mérito.

Na praça enorme, pavimentada de substância semelhante ao jade, colunas multicores exibiam guirlandas de soberana beleza.

Rosas de todos os feitios e cravos soberbos, gerânios e glicínias, lírios e açucenas, miosótis e crisântemos exaltavam a Sabedoria do Criador em festa espetacular de cores e perfumes.

Envergando túnicas resplendentes, servidores espirituais iam e vinham, à espera dos juízes angélicos.

A exposição singular destinava-se à verificação da existência de luz divina, nos múltiplos exemplares que aí se alinhavam, salientando-se que os espécimes com maior teor de claridade celeste seriam conduzidos ao Trono do Eterno, como preito de amor e reconhecimento dos trabalhadores do bem.

Os julgadores não se fizeram esperados.

Quando a expectação geral se mostrava adiantada, três emissários da Majestade Sublime atravessaram as portas de dourada filigrana e, depois das saudações afetuosas, iniciaram o trabalho que lhes competia. Aquele que detinha mais elevada posição hierárquica trazia nas mãos uma toalha de linho translúcido, o único apetrecho que certamente utilizaria na tarefa de análise das preciosidades expostas.

Cada ramo era seguido de pequena comissão representativa do serviço espiritual em que fora elucidado.

Aproximou-se o primeiro grupo, trazendo uma braçada de rosas, tecidas com as emoções do carinho materno que, lançadas à toalha surpreendente, expediram suaves irradiações em azul indefinível, e os anjos abençoaram o devotamento das mães, que preservam os tesouros de Deus, na posição de heroínas desconhecidas.

Logo após, brilhante conjunto de Espíritos jubilosos deitou ao pano singular uma coroa de lírios, formados pelas vibrações de fervor das almas piedosas que se devotam nos templos ao culto da fé. Safirinas emanações cruzaram o espaço e os celestes embaixadores louvaram os santos misteres de todos os religiosos do mundo.

Em seguida, alegre comissão juvenil trouxe a exame delicado ramalhete de açucenas, estruturadas nos sonhos e nas esperanças dos noivos que sabem guardar a Bênção Divina, e raios verdes de brilho intraduzível se projetaram em todas as direções, enquanto os emissários do Todo-Misericordioso entoaram encômios aos afetos santificantes das almas.

Lindas crianças foram portadoras de formosa auréola de jasmins, nascidos da ternura infantil, e que, depostos sobre a toalha miraculosa, emitiram alvíssima luz, semelhante a fios de aurora, incidindo sobre a neve.

Depois, pequeno agrupamento de criaturas iluminadas colocou, sob os olhos dos anjos, bela grinalda de cravos rubros, colhidos na renunciação dos sábios e dos heróis, a serviço da Humanidade, que exteriorizaram vermelhas emanações, quais se fossem constituídas de eterizados rubis.

E, assim, cada comissão submeteu ao trabalho seletivo as jóias que trazia.

O devotamento dos pais, os laços esponsalícios, a dedicação dos filhos, o carinho dos verdadeiros amigos, a devoção de vários matizes ali se achavam magnificamente representados pelas flores cuja essência lhes correspondia.

Em derradeiro lugar, compareceu a mais humilde comissão da festa.

Quatro almas, revelando características de extrema simplicidade, surgiram com um ramo feio e triste. Eram rosas mirradas, de cor arroxeada, mostrando pontos esbranquiçados a guisa de manchas, a desabrocharem ao longo de hastes espinhosas e repelentes. Depostas, no entanto, sobre a mágica toalha, inflamaram-se de luz solar, a irradiar-se do recinto à imensidão dos Céus.

Os três anjos puseram-se de joelhos. Inesperada comoção encheu de lágrimas os olhos espantados da enorme assembléia. E porque alguns dos presentes chorassem, com interrogações imanifestas, o grande juiz do certame esclareceu, emocionado:

- Estas flores são as rosas de amor que raros trabalhadores do bem cultivam nas sombras do inferno. São glórias do sentimento puro, da fraternidade real, da suprema consagração à virtude, porque somente as almas libertas de todo o egoísmo conseguem servir a Deus, na escória das trevas. Os acúleos que se destacam nas hastes agressivas simbolizam as dificuldades superadas, as pétalas roxas simbolizam o arrependimento e a consolação dos que já se transferiram da desolação para a esperança, e os pontos alvos expressam o pranto mudo e aflitivo dos heróis anônimos que sabem servir sem reclamar...

E, entre cânticos de transbordante alegria, as rosas estranhas subiram rutilantes do Paraíso.

Oh vós, que lutais no caminho empedrado de cada dia, enxugai as lágrimas e esperai! As flores mais sublimes para o Céu nascem na Terra, onde os companheiros de boa-vontade sabem viver para a vitória do bem, com o suor do trabalho incessante e com as lágrimas silenciosas do próprio sacrifício.

Irmão X
(psicografia de Francisco Cândido Xavier, no livro Contos e Apólogos)



Beijos e brisas

Carla

terça-feira, 12 de junho de 2007

Para ti...

Alma querida...
Tu, que esperaste a palavra singela,
O sorriso desabrochado em qualquer hora do dia...
E, esperando, espalhaste, ao redor dos teus passos
A poesia que te preenche o peito,
Os quadros belos que te povoam os sonhos
As pérolas das lágrimas de ternura que orvalharam tuas mãos durante os afazeres cotidianos...

A ti, alma querida,
Merecedora de todo meu afeto e gratidão...
Desfolho versos para teus olhos e ouvidos...
Esparjo flores imateriais para deleitar teus sentidos...
E te abraço, estreitando teu coração ao meu!

Felicidades! Paz!

Eis os versos, de Tagore, meu presente!

"Sinfonia da Esperança

Inclina teu ouvido, meu amigo, e escuta a melodia da terra, derramando a música da fartura!
A cana de bambu, esvaziada de vida, também se dobra em busca do chão, para enriquecer-se de melodia.
O teu pequeno sofrimento de soledade se mistura ao infinito sofrimento de soledade do mundo.
E enquanto aos teus ouvidos não chegue a acústica da grande dor, a tua dor não romperá a concha da acústica da felicidade de todos...
Toma da vara de bambu e sopra nela, qual uma frauta, e deixa que teu campo de tristeza cante a tua dor, na tristeza de todas as dores que não podem cantar!
E enche... enche com a melodia que teus ouvidos captem da abundância do chão, o vazio do teu coração deserto...
E verificarás, atônito, que o amor, quanto mais se doa mais se enriquece, e quanto mais se esvazia mais se embebeda de amplidão...

***

Encontrei-te um dia, amigo, e pediste para que eu cantasse.
A minha voz se perdia na sinfonia da Terra em festa, e eu não podia cantar!
Chamaste-me "amigo", e a voz da tua melodia deu melodia à minha voz, para que eu te chamasse "irmão"!

***

Acompanhei com os olhos a abelha, ébria de zumbido, no festival sonoro que a Natureza cantava!
E vi-a avançar em redemoinho de festa até à última flor de lótus, que derramava perfume.
Avancei precípite e arranquei a débil mensagem da vida perfumada, e saí a procurar-te, amigo, para recolher nas pétalas mimosas as tuas lágrimas, como o orvalho de um irmão, na intimidade da terra que nos dava o lótus, como a fartura no seu seio maternal.
E por isso, agora que o outono não mais nos pode atender, deixa-me segurar-te a mão, para cantar contigo, na tristeza do nosso caminho, a sinfonia da esperança, como abelhas do trabalho, embriagadas, na primavera, no festival das alegrias!"

Rabindranath Tagore
(psicografado por Divaldo Pereira Franco)



Beijos suaves em brisas perfumadas!

Carla